quarta-feira, abril 30, 2008
Em 1980 eu tinha 14 anos e meu pai estava na Alemanha estudando. Formou-se em fotoquimica.
Minha mãe e eu morávamos em um pqno apartamento em um bairro da cidade de SG, chamada Alcantara, no Rio de janeiro.
Um dia minha mãe me diz que conheceu um rapaz extremamente educado e bonito(Lúcio) e que havia convidado uma amiga (Regina) pra jantar com seus filhos, e Lucio tbm viria.
Me encantei logo que o vi. Sentia uma coisa estranha por ele. Foi empatia logo de cara. Divertido inteligente, simples... era meu melhor amigo. Eu nao tinha permissão pra namorar então nem pensava nisso, pq nao iria diantar nada mesmo. Como meu pai viajava sempre a trabalho minha mae me mantinha de redea curta, nao que precisasse... mas era pra prevenir.
Lucio vinha em nossa casa praticamente todos os dias. Depois, passou a me buscar na escola, mas nessa epoca, ele arrumou uma namorada. Eu adorava sua companhia e me sentia a tal, por ele ter namorada e mesmo assim me pegar quase todos os dias no colégio. Isso pra mim, já bastava. Como eram constantes suas visitas, minha mãe lhe deu uma chave do portão do predio, pra que eu não precisasse descer.
Um dia quando fomos nos despedir, sem querer nossos labios se tocaram.. nooossa..foi o céu. Me encostei na porta pelo lado de dentro e fiquei ali, lembrando daquele momento.Nos dias seguintes ele nao fez nenhum comentario e eu como boa moça muito menos.
Em 82 me mudei para o bairro de São Domingos em NIterói, e mesmo distante Lucio não deixou de nos visitar.
Um dia ele apareceu a noite, depois do casamento de seu irmão, conversamos muito e ficamos. No dia seguinte, era um domingo e eu estava em um bar com minha mãe e varias amigas minhas e ele me levou uma poesia:
"Menina que tanto enfeitas
o teu rosto singular
não esqueças que tua alma
Tambem deves enfeitar.
Vi morrer tanta ilusão
tantos castelos perdi
nao faz mal pois tenho tudo
do pouco que vem de ti"
Ficamos nesse dia tbm.
E tudo continuou como antes, ele apareceu nada falou e eu muito menos.
Um dia Lucio apareceu de aliança, estava noivo. Aquilo foi o fim pra mim, queria que o chao se abrisse, quase morri de ciumes, mas nao falei nada, e o medo de levar um fora?
Afinal ele era meu amigo.
Nesse dia, Lucio estava inquieto e andava de um lado para o outro. Estava lindo de calça e camisa social. De repente, ele me diz que sua noiva estava gravida... putz... agora dancei mesmo,pensei. Não havia lugar pra mim na vida dele. Lucio foi embora cabisbaixo e eu fiquei down, muito down. Coloquei JAnis Joplin na vitrola (sou do tempo do bolachão), acendi um incenso e fiquei chorando baixinho no escuro do quarto.
Em algum sábado depois, eu chegava de um curso e ele estava em minha casa. Meu coração deu um pulo. Ficamos uma amiga, ele e eu, ouvindo Bob Dylan no meu quarto, nisso ele me beijou...
Meu Deus... era como morrer.. o coração parecia querer sair pela boca. Ele segurou minha mao e me perguntou se eu o ajudava criar seu filho que ia nascer, tinhamos 17 anos. Eu aceitei...era o que eu mais queria, ficar com ele. Com meu primeiro amor. No dia seguinte ele apareceu e sorrindo me mostrou a mão direita, sem a aliança.
NAmoramos umas duas semanas, e em uma tarde linda, recebo uma ligação dele, me dizendo que teria de se casar, pq a mãe de seu filho era orfã de pai e mãe e morava com a irmã e esta a ameaçava por pra fora de casa. Ali me senti morrer... nossa, como doeu aquele telefonema...
Fiquei algum tempo sem ve-lo, e de repente , aquela voz que eu adorava, me chama ao portão. Ele me faz nova proposta. Ele se separaria e eu assumiria sua filhinha, com ele. Não aceitei de jeito nenhum. Não queria me ferir mais, não merecia aquilo tudo. Ele continuou vindo, vinha sozinho, vinha com o sobrinho da esposa, mas nunca deixou de vir. E não tocava mais no assunto. Pensei.... agora ele conseguiu se acertar com ela.
Um dia ele nao veio mais.. sumiu.
Nesse meio tempo, eu comecei a namorar um rapaz e ficamos noivos. Qdo eu tinha 23 anos, ele apareceu e me fez nova proposta. Ele estava em pé na sala, de frente para o portao da frente, eu sentada ao lado dele em uma poltrona, e ele sem me olhar me perguntou se eu seria capaz de amar uma criança que nao era minha, eu disse que seria capaz, mas que nao me sentia bem em acabar com o relacionamento de ninguem, eu tinha um nó na garganta. Ele ali me pedindo que ficasse com ele e com sua filha que agora estava com 5 anos, e eu não podia aceitar. Eu estava noiva e fazia faculdade de direito na Candido Mendes.Tive medo dele me deixar de novo, afinal havia uma criança.
Eu queria ter tido a minha familia com ele, queria me casar na igreja, com vestido de noiva e isso ele nao podia me proporcionar, sem contar que, embora eu achasse, que ele teve a hombridade de assumir a mulher, independente da filha, me senti posta de lado.
Ele escolheu ter uma familia com ela. e, mais uma vez, com meu coração na mao, eu disse não a ele querendo dizer sim.
MAs, reconheço que ele fez o que tinha de ser feito.
Levei minha vida adiante, mas nunca o esqueci. Ele sempre esteve lá naquele cantinho do meu coração... e sempre contava essa estoria pra outras pessoas...
Me separei do tal noivo, me casei com outro homem, e este individuo tinha uma filha de 3 anos. De novo Lucio entrava em meus pensamentos, nosso triangulo me fazia lembrar dele muitas vezes. Com esse homem eu tive dois filhos. Me casei em uma igrejinha linda em Niteroi, de frente para o mar.. no alto de uma enorme pedra. CAsei em uma quarta-feira com direito a recepção simples: apenas doces finos, bolo, refrigerantes, agua mineral com gas, champanhe da melhor qualidade. A ordem do meu pai aos garçons é que nao queria ver copos vazios e que se depois disso sobrasse alguma coisa que eles poderiam levar pra casa...rsrs minha mae antes da festa acabar teve de segura-los na calçada, estavam levando tudo embora e dizendo que havia acabado, sendo que meus pais receberiam os mais intimos em casa para um jantar ainda naquela noite...
MAs, nao é essa a estoria que eu queria contar... me separei de forma abrupta e estranha, que culminou com o desaparecimento do meu ex-marido e do desprezo da mae, das irmas e dos demais da familia pelos meus filhos. TAnto que eles nao conhecem ninguem. São os excluidos.
Depois de tentar refazer minha vida com um homem 15 anos mais velho, uma septicemia me colocou em estado gravissimo por 20 dias no hospital de clinicas em Niterói. Qdo saí do hospital o individuo terminou tudo comigo. Resolvi nao mais investir em uma relação. Admiti pra mim mesma de que meu destino era ser apenas mae. Mãe de joao Pedro e Mariana. E quando me diziam que eu era jovem e que precisava refazer minha vida, eu respondia brincando, que no asilo encontraria alguem. Mas eu sinceramente achava que debaixo desse céu havia alguem especial com quem eu dividiria minha vida.
Mudamos do Rio de janeiro para o Espirito santo, há 2 anos e hoje moro em uma pqna cidade do interior, ao sul do ES.
PAsseando pelo orkut resovi colocar o nome do Lucio e... voi lá....
Eu o encontrei... ele está morando em uma pqna cidade ao norte do RJ, há poucas horas daqui.
Mandei uma mensagem e ele me respondeu no dia 10/03/2008.
Nos reencontramos no dia 17/04/2008, em uma quinta-feira e ....
qdo ele me perguntou se eu seria capaz de ser avó.... eu sorri e fui de encontro àqueles braços estendidos.
Nunca esqueci aquele rosto que tanto procurei...
Todo aquele sentimento do passado voltou. Me vi apaixonada como há 27 anos atras, qdo nos conhecemos. Aliás, acho que mais apaixonada do que era... e ele também
Estamos juntos finalmente.
Hoje ele é pai de 4 filhos e avô de uma linda menininha de 4 anos, e ja esta chegando a segunda netinha. Eu tenho hoje 41 anos e ele faz 41 no dia 25/05. Meus filhos se apaixonaram por ele.
Ontem procuramos uma casa juntos, pra organizarmos finalmente a nossa vida. Ficamos longe um do outro por 18 anos e nao podemos esperar mais pra selar essa uniao, que infelizmente nao poderá ser abençoada na igreja mas será pelos céus...e por quem nos ama.
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